Os corações saberão erguer-se
como mãos para se tocar
apesar do peso das abóbadas e dos muros,
e sacudir a árvore como vento
nascido de dentro.
Drenar o presente como um pássaro
passaporte de asas
ou uma crisálida dentro do cérebro
fingindo voar.
Ermas são as mãos que se fecham
e tentam preservar
o pássaro engaiolado
e o verde de fruto nenhum
permaneça em estagnação.
Existe em nós não o novo
mas o renascido junto ao sobrevir,
por isso, comportamos o lastro.
A essência persiste,
a janela balançará suas asas de vidro
e o vaivém será um ladrão de paisagem
bem mais perto
do que a memória guardou.
Rebenta o silêncio
do solar enclausurado no paiol
que perdeu as rodas na seara.
E para havermos esta herança
há que atravessar o amargo represado.
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