Pintura Baco, Vênus e Amore de Rosso Fiorentino
(1531-1532)
Para Ellen Vargas Aglio
Como
é doce o teu corpo
junto
à lareira. Na febre
destilada
nos cachos
de
teus recatados seios
e
se formaram arvorados os cabelos
de
chuvas e sóis. No meio,
o
sossego das bagas
desperta
com as ancas, lento arvoredo.
Da
mata escura, colhi as uvas
maduras,
que escorrem
mas
a sede da terra tragou,
a
marruá acalmou
por
debaixo de tuas vinhas
secretas,
de som sereno da nascente.
Entre
as coxas e a cintura
o
que te dei preserva
com
chama o arco-íris
na
tua nudez, flutua cruzando o céu
te
avizinhas à alta constelação.
Vê-se
a olho nu: Ontem, a nebulosa,
te
entretecendo mitos,
que
abrangem sem alarde.
Hoje,
na hora mais propícia
você
se mostrou de corpo inteiro.
Como
se fossem gorjeios
sobre
a varanda e os trêmulos seios
e
os bambuais vão crescendo.
E
são doces a tua boca e o teu ventre.
O
som, a palavra, o grito
fazem
crescer pelo galho
da
noite, um maduro figo,
fazem
cantar o pintassilgo
lá
na fenda do vale.
Tua
presença aperfeiçoa
o
som, a palavra e o grito.
Como
é poroso este fogo
que
pela tarde se evola,
com
sua alourada corola
experiente
e maduro sorvedouro,
-
um e outro – escravos sobre a borla
de
tempestade e sorvo.
De
brisas, coisas e ouro,
os
nossos corpos se soldam.
Comentários
Postar um comentário