Busto de Federico García Lorca
Pintou
com a tinta das letras
a
nau, não por pintar.
Mas
acreditou que nela havia
onde
chegar.
Ninguém
mais crê nesta magia
a
notícia de tua morte,
poucos
sabem onde estás.
Poderão
entender
se
faz diferença estar morto
ou
se é melhor morrer
ao
perder o descaminho.
Não
há linha que te vá deter
Não
te importa saber aonde levas,
à
extensão do que querias
o
que querias é muito adiante
quiseres
chegar
mas
sempre se ergue adiante
um
campo por guerrear.
Ninguém
sabe para onde foi.
Apenas
suspeita.
Hoje,
ocorre um tempo nublado:
é
o não pensar.
Esconder
o fim e a tempestade,
se
é impossível crer.
Isso
de esperança não existe.
Existe
a ossada
do
pássaro que se foi
e
não mais se viu.
O
sangue já não se sente
onde
agora há só o querer passado
e a vontade fria
na
treva que ofusca.
No
corredor da escuridão não há volta,
resta
abismar.
Este
não afunda porque já afundou
no
meio do abismo navega
como
se fosse no mar
-
ambos mares, ambos abismos,
perdidos,
eternos, findos
ir
tão longe de nada mais ver.
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