Sou
o nada que procura a abundante seara
que
o sol, o calor e a estiagem
plantaram
a sede, a fome, a dor,
as
doenças da desilusão.
Nobres
são os dias chuvosos
que
me contornam na estação,
miragem
da vontade maior,
em
contraste ao desencanto
pelo
fruto que não brotou
do
ventre da mãe-terra,
cujas
olheiras são vastas, fundas e tristes.
A
água e a pouca perspectiva
são
as algemas de nossa raiz
embora
a vinda do Messias, deitamos às sombras,
cada
qual em seu núcleo de orgulho e angústia,
não
se esquece com tamanha candura,
a
insuficiência dos apelos, o ouvir das promessas,
um
feixe de dias melhores obscurecido e sufocado
pela
apneia, o grunhido do estômago vazio.
E
a forte fé cega tornou-se esquálida e frágil
para
boiar em alucinada perturbação.
Senti
o coração estalar
pelo
pesado poço profundo
plasmando
o orgulho na retina do chão
quando
endurece em degredo.
E
o escoadouro não se isolou de mim.
Quando
virá o dia em que o sol
trocará
a correnteza de chamas
por
outra loucura.
E
ouvir à noite a morte chorar
na
ventania seca, sem sangue fundindo
as
gravações nas pedras.
Sei
que o corpo, o tempo
esmerilado
e a vertigem
cumprem
a missão
rebentando
os nervos de dor.
Mesmo
volvendo os seixos,
revelam-se
as veredas
do
lastro e da ruína,
que
nascem do tempo igual
de
passante de tempo hábil
que
logo ocupará atemporal
com
a praga fervente do deserto.
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