(Terceira parte)
O
espaço da crítica literária na imprensa
Nas
décadas seguintes, consolidou-se o que a Teoria Crítica chamou de “cultura de
massas”, e, em paralelo a isso, ocorre uma mudança no perfil da crítica literária
no Brasil. De acordo com Süssekind (2003), entre os anos 1940 e 1950, havia a
chamada “crítica de rodapé”, feita por bacharéis não especializados. Aos
poucos, outro modelo de crítica ganha espaço: a universitária, ocasionando uma
substituição do rodapé pela cátedra, ou seja, passando a palavra (e o poder)
para aqueles com aprendizado técnico, os críticos-professores.
Dessa
forma, os anos 1960 a 1970 foram anos academicistas, o que fez a crítica
manter-se autoconfinada ao campus universitário, pois houve redução do
espaço jornalístico destinado a ela, culminando assim na dificuldade de
circulação dessa produção acadêmica. Mais tarde, nos anos 1980, com o
crescimento do mercado editorial, estimulou-se uma nova ampliação do espaço
para a literatura na imprensa, o que foi concomitante, entretanto, com o
desestímulo à crítica literária mais atenta, justificado pela impulsão do livro
(e da obra literária, consequentemente) como objeto mercadológico, o que
significa que o interesse da imprensa estava mais no sentido de divulgar livros
para vendê-los do que para fazer uma análise deles. Com isso, o espaço
destinado para a literatura passou a ser ocupado por resenhas e notícias,
geralmente rasas, que propunham um tratamento comercial do livro.
Assim,
pela esquematização proposta por Süssekind (2003), pode-se perceber que a
crítica literária, ao longo do século XX, passou por mudanças em sua estrutura
e mesmo em sua relação com a grande imprensa. Diante disso, entende-se a
importância de verificar de que forma a crítica aparece nos cadernos da
imprensa atual, bem como quais as relações que a literatura estabelece com os
novos sentidos e perspectivas propostos pela dinâmica social contemporânea.
Isso significa investigar o modo de o jornalismo cultural se apropriar da obra
literária e transformá-la em objeto de trabalho, pautando-se pelas seguintes
questões: há um tratamento uniforme do mercado editorial? As obras divulgadas
são de gêneros literários diversos ou há a predominância de um deles? Os livros
são analisados ou apenas apresentados e resumidos? Pretende-se, desse modo,
olhar o jornal Rascunho para
além de sua forma físicas e de sua existência material, ou seja, levando em
conta, sobretudo, as tensões que se fazem presentes em cada escolha editorial
sobre o que publicar em cada edição, como tratar os temas escolhidos e como
chegar a um determinado tipo de leitor que constitui o público-alvo do
periódico.

Muito importante a crítica literária na imprensa.
ResponderExcluirPonte entre o livro e o leitor.