Quantas
toneladas de comida e bebida já foram consumidas na história da literatura?
Quantas ceias, saraus e banquetes, quantos petits
déjeuners, piqueniques e monumentais bebedeiras já foram tematizadas pelos
grandes escritores?
De Homero
a Tom Wolfe, passando por Rabelais e
pelo século XIX (Honoré de Balzac, Gustav Flaubert, Guy de Maupassant, Eça de
Queirós, Machado de Assis), até chegar aos clássicos contemporâneos (Marcel
Proust, James Joyce, Louis-Ferdinand Céline), a grande literatura tem muito de
uma história de celebrações. Desse tema inocente podem-se extrair interessantes
lições. A mudança nos paladares e cardápios acompanhou, mantidas as proporções,
profundas transformações históricas.
Se a
leitura já é, em si mesma, um ato de degustação, a degustação nos grandes
livros nunca é gratuita. Em Jorge Amado o prazer em preparar os pratos para
sedução nos romances Gabriela, Cravo, e
Canela e Dona Flor e seus dois
maridos e as recordações gustativas de algumas crônicas sobre a infância de
Rubem Braga em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. Já em Proust, a
famosa Madeleine é uma guloseima capaz de detonar um caudal de lembranças – o
próprio livro.
A
publicação de textos de escritoras que relacionam Literatura e Culinária levou durante
seis anos Rubens Shirassu Júnior a fazer uma reflexão sobre a Memória dos
Sentidos dentro de um espaço específico, a cozinha, cozinha entendida como um
lugar de rito que transfigura os corpos. A partir desse recorte no livro A literatura da degustação, o escritor e
ensaísta procura relacionar a representação do feminino, do corpo na cozinha e
na confecção do alimento, no texto das autoras brasileiras Rachel de Queiroz, Cora
Coralina, Adélia Prado, Heloísa Helena e Márcia Frazão, da mexicana Laura
Esquivel e da chilena Isabel Allende, percebendo as diferenças escriturais na
maneira de construir o corpo a partir da relação com a culinária, pois os
hábitos alimentares são como textos que narram a história de constituição de um
grupo.
As
reflexões de A literatura na degustação,
de Rubens Shirassu Júnior, vem levantar justamente o quanto se consumiu nos
livros, e como é antigo o casamento entre literatura e degustação, consumação.
No ato de comer e beber, uma incorporação que gratifica, amplifica. Na literatura,
o consumo sempre envolve um risco: o próprio leitor pode ser consumido.
VOCÊ
PODE ENCOMENDAR O LIVRO EM PRÉ-VENDA NO SITE:
https://www.editoraescolacidada.com.br

Rubens Shirassu sabe escolher como poucos, temas que realmente valem a pena a a gente refletir sobre eles..Com certeza esse será mais um de seus sucessos..
ResponderExcluir