O poeta paulista Glauco Mattoso já foi citado na música “Língua”,
de Caetano Veloso e pelo cartunista Millôr Fernandes
O escritor, poeta e ensaísta Glauco
Mattoso faz a fusão de poesia de vanguarda, da construtivista aos temas
“sujos”, através de um fio condutor lógico num tom debochado e satírico. Uma
vocação poética e filosófica que se esconde por trás do aparentemente fútil,
fulminante e efêmero. “Desde o mosaico do jornal até o limeirique
anglo-nordestino, dos trocadilhos até o hai-kai nojento. Mattoso vai
desdobrando em leque suas possibilidades de poeta”, afirma José Paulo Paes. E
ainda, tem no humor negro, seu estilo irreverente que oscila
indiscriminadamente entre o erudito e o coloquial. Com muitos créditos devidos
à “Literatura Cocchone” (Sade, Masoch, Rimbaud, Verlaine e Bocage) além dos
poetas Camões e Gregório de Mattos.
Mesmo quando essas matrizes
referenciais transparecem, à primeira vista, uma dose forte de panfleto das
minorias sexuais, os discursos da literatura engajada dos anos 60 e 70, pela
fluência e a criatividade construtiva que termina um raciocínio, sobressaltam
aquela impressão. Como poucas vezes antes na poesia brasileira tentou-se antes
um rompimento visceral com a escritura acadêmica, ao enfrentar o estigma de
“subliteratura”, Mattoso é estudado em universidades americanas (conforme a
resenha do professor Steven Butterman, da Universidade de Miami, na contracapa
de “Callo à Bocca, sonetos de 2010) por sua originalidade; contudo, sua poesia
ainda não foi devidamente avaliada e valorizada no Brasil. No lado brasileiro –
percebe-se – é o marginalismo criativo que impossibilita a entrada do poeta
para a História da Literatura pátria. Marginalismo temático e de linguagem, por
transgredir os códigos linguísticos mais contundentes, o dicionário e a
gramática, o léxico e a sintaxe.
Livros
Recebidos
O
POETA PECCAMINOSO
Glauco Mattoso
Poesia Brasileira
140 Páginas
Lume Editor
São Paulo, 2011
CALLO
À BOCCA
Glauco Mattoso
Poesia Brasileira
100 Páginas
Lume Editor
São Paulo, 2010
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