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Sarau recita a filosofia do povo





A poeta Vânia Mattos interpretando um texto









(da esq. para a dir.) Banda Provisória e Paula Hanke
no Sarau "Somos o q Somos"

(Fotos de Altino Correia)












Deu meia noite, a lua faz um claro
Eu assubo nos aro, vou brincar no vento leste
A aranha tece puxando o fio da teia
A ciência da abeia, da aranha e a minha
Muita gente desconhece
Muita gente desconhece, olará, viu?
Muita gente desconhece
Muita gente desconhece, olará, tá?
Muita gente desconhece
A lua é clara, o sol tem rastro vermelho
É o lago um grande espelho onde os dois vão se mirar
Rosa amarela quando murcha perde o cheiro
O amor é bandoleiro, pode inté custar dinheiro
É fulô que não tem cheiro e todo mundo quer cheirar
Todo mundo quer cheirar, olará, viu?
Todo mundo quer cheirar
Todo mundo quer cheirar, olará, tá?
Todo mundo quer cheirar.

( Na Asa do Vento, João do Vale e Luiz Vieira )









Em 1956, Dolores Duran gravou "Na Asa do Vento", de João do Vale em parceria com Luiz Vieira, que seria regravada por Caetano Veloso em 1975 no CD "Jóia". João do Vale, músico, compositor e cantor, de origem humilde, nasceu em Pedreiras, São Luís do Maranhão, em 11 de outubro de 1933, falecendo em 6 de dezembro de 1996. Por ser pobre e sem condições de estudar, em razão de ajudar nas despesas da família, Vale começa trabalhar cedo e a compor também com 13 anos, o que comprova o seu talento, ritmo e musicalidade. “Muitas vezes, a aptidão sobrepõe, pela vontade e determinação de vencer dia a dia e, assim grande parte dos artistas encaram, naturalmente, suas caminhadas como desafios a serem superados.” Você pode encontrar em letras de música, uma filosofia popular em várias composições de João do Vale. - diz Carlos Freixo, presidente da APE (Associação Prudentina de Escritores) e um dos principais organizadores do Sarau Solidário.
Freixo argumenta: “O povo tem principalmente a si mesmo, sua família, como marido ou mulher,  seus filhos e avós. E é com eles que encara a vida. Nessa trajetória, o humor acaba sendo a válvula de escape. Quem não tem cão, caça com gato nos mostra o dito popular! Mas, podemos ter certeza de seu brio, de sua luta pela sobrevivência, projetando uma esperança transportada para a vida dos filhos, e eles acompanham – com as dificuldades de terem apenas a si mesmos e a Deus, que provém as suas caminhadas. Afinal, precisam apenas do maná diário e uma casa financiada por longos 300 meses para se sentirem felizes. Em tempo, e esse entre outros que reside nossos heróis anônimos! Essa a força de um País e nem sempre notamos e, nem sempre, valorizamos a sua presença atuante.”
O Sarau Solidário Filosofia Popular conta com vários segmentos da arte integrados, sendo que, nesta edição, participam 17 artistas de Presidente Prudente, conforme as suas áreas específicas: o cenário sempre a cargo de Celso Aguiar, ainda no aspecto visual, serão elaborados os desenhos de Jaqueline Vasconcelos durante o evento. Na área de literatura, foram selecionados os textos, entre os gêneros crônica e poesia, de Carlos Francisco Freixo, Célia Marli Raimundo, Davi Aquino, Leonícia Aleixo Mussa, Luís Amaral, Paula Hanke, a crônica “Fora de Hora”, de Rubens Shirassu Júnior, Vânia Mattos e Violeta Ayumi.
Os músicos que farão a trilha do show são: J.J. Samogim, as bandas Provisória e Panamá. O fotógrafo Maurício D’S exporá em imagem nossas raízes artísticas e, finalmente, teremos um stand up, que se chama “A Jumenta do Oeste”, com a interpretação dos atores comediantes Vini Lopes, Bruno Lemes e Julien Vinícius.
“A presença de cada um dos artistas revela, com suas artes, os seus olhares pessoais por sua arte. Se falamos em “Filosofia Popular”, cada um dos produtores culturais bebem dessa fonte, da população, de suas angústias e esperanças. Mesmo tendo frequentado as cadeiras universitárias, os artistas locais estão diante de duas possibilidades: retratar, dentro de sua ficção, a realidade ou transpor esse mundo para um outro, o possível, a Utopia. E ela é para ser alcançada, conquistada e vivida. O artista não cria sua arte do nada, apenas com sua imaginação, sendo que, o outro passa a ser o seu olhar.” – finaliza Freixo.




SARAU SOLIDÁRIO FILOSOFIA POPULAR
Associação Prudentina de Escritores (APE)
Dia 16 (sábado)
Horário: Às 19h30
Boulevard Os Sombras e Os Temperamentais
(Caso Chova) na Sala 2
Entrada: 1 quilo de alimento
não perecível por pessoa
em prol da Vila da Fraternidade
de Presidente Prudente

Centro Cultural Matarazzo
Rua Quintino Bocaiúva, Nº 749
Fone: (***18) 3226 3399
Vila Marcondes
Presidente Prudente – São Paulo
centroculturalmatarazzo@culturapp.com.br


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