Portal diferencia-se por ser opinativo
Luis Nassif, jornalista, músico e
pesquisador da música popular brasileira, na nota Momento Inspirado de Shirassu, no portal GGN, publicou o poema A
Gaiola, de Rubens Shirassu Júnior, revisor de textos, escritor e poeta, de
Presidente Prudente, oeste do Estado de São Paulo. Isto, em 15 de novembro de
2011, um ano antes de editar o seu livro Cobra de Vidro, em São Paulo.
Este foi o primeiro destaque que
Nassif deu à Shirassu Júnior. Em 2013, pelo artigo sobre o pensamento de Jorge
Mautner.
Clique
e acesse o link no item Luis Nassif Online:
http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/momento-inspirado-de-shirassu
A Gaiola
Noite
entre arestas das grades
mas viva
espremida
noite vida entre barras
ferros, mágoas,
mas viva
Noite do
medo
escorregando
a coluna vertebral
e
sangrando
como um nó
cortado de carne
mas viva.
Noite de
meta-fora
da jaula
precisa
é corpo de
lembranças
a noite
aninhada
gaiola
da noite
de linhas retas,
das
entrelinhas
noite que
absorve
noite
flechafechada
A gaiola é
pesada
ao cair na
noite grande.
A gaiola
da noite no espelho
e sua
aventura espessa
a noite na
gaiola
sobre as
pálpebras,
acesa.
A gaiola
da noite devoradora
da forma.
Inteira
noite gaiola para sempre
e para
sempre estilhaçada.
Noite em
giro círculo fechado
e mais que
fechado,
fechado,
até os
extremos da parede
se tocarem
para
celebrar
e lembrar,
ecos dos
gritos
parados no
ar.
Noite na
gaiola marcada a ferro,
lado
esquerdo das coisas.
Noite com
a medida e peso,
Simétrica
noite vinculada
forjada
nos metais,
braseiro
da alma de pássaro,
impressa
em alto relevo
em carne
viva, a identificação
acesa
rápida mordida dolorida
do tempo,
noite
flechafechada,
dentes de
chumbo da noite grande,
face do
medo de ontem,
no obscuro
desfiada,
e afiada
no silêncio das lâminas,
e nas
urdiduras da noite afiada
da fala.
Dentro da
noite da gaiola
o rosto se
recolhe
dentro da
noite da gaiola
o corpo se
assume
onde o
precário coração
palpita
entre grades.
Noite do
corpo da gaiola
não da
imagem do corpo.
Do corpo
exposto às tatuagens de viver
do azul da
cor do mar,
das ruas,
avenidas, ao livre espaço
ao sereno.
E as
quimeras
e a cela
de estar sem identidade,
as leis,
os códigos, as regras, limites
do
institucionalizado cativeiro.
As asas
abertas
a língua
solta
a semente
da fala
a língua
serpenteia o salto
o buraco
da história,
ilumina
a quem se
cala.
A língua
celebra a asa
da lavagem
da palavra
até o
osso.
A língua
lambe
os cortes
das asas
na
cartilagem da palavra.
Mas a
língua lembra
o âmago
corpo,
o amargo
verbo voar
das asas
dos pássaros.
A língua
se bifurca
na estória
desta gaiola
Fundo poço
do
calabouço.
E rasteja
antes e
depois
das
trevas,
das
frestas,
entre
colunas amareladas,
da alta
noite.
Habita
cada momento
que existe
dentro do cubo.
Ao pássaro
preso se nega
A condição
acabado.
Não é um
pássaro que voa:
é um
pássaro incubado
sobra-lhe
uma roupa enjeitada
que lhe
decepa as asas.
O pássaro
preso é um pássaro
recortado
em seu domínio:
não é o
dono de onde mora,
nem mora
onde é inquilino.
Comentários
Postar um comentário