(Primeira Parte)
Escritor
com sólidas raízes no jornalismo, Antônio Callado transpõe para seus livros a
rica vivência adquirida nas andanças de repórter pelo país e exterior. O fato
narrado pode ser verídico ou fictício, mas sempre o envolve uma aura de
realidade.
Nos
livros-reportagens, como Vietnã do Norte
e Tempo de Arraes, Callado não se
coloca como simples relator dos acontecimentos, mas semeia aqui e ali atentas
considerações que enriquecem o texto. Na ficção, monta em geral os personagens
e ações sobre sobre um momento histórico, que pode cruzar fronteiras e recriar
os movimentos de Guevara na Bolívia, em Bar
Don Juan, ou situar-se aqui
mesmo, na perseguição de Quinho aos policiais torturadores-matadores de sua
mulher, em Sempre Viva. Essa
habilidade tem seu grande instante em Quarup,
em que Callado consegue amoldar magistralmente o romance à realidade e, ao
mesmo tempo, utiliza uma linguagem cambiante na narrativa, incorporando às
vezes o próprio linguajar dos personagens.
Em
Antônio Callado, todo um contexto político-social das últimas quatro décadas (até
1982) vem à tona. É um escritor que, a par de romancista, não se furta ao
compromisso de expor sensações e dramas da fase em que vive, com a visão
crítica de arguto observador da história.

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