Cartaz de divulgação
Impossível
não lembrar de Amarcord. Pelo que
sugere na reconstituição de cada instante da vida, das nossas circunstâncias,
do retrato do passado de cada um, de uma época, de toda uma cidade. Federico
Fellini põe diante da gente, num simples enquadramento de uma tarde, o que
talvez Marcel Proust tenha passado a vida reconstituindo. Como num ciclo que
dura uma primavera, vemos passar à nossa frente o tempo da infância e da
velhice. Os amigos que se foram, as namoradas que quisemos e não tivemos, as
ilusões da escola, a galeria dos mestres que nos marcaram para a vida toda, a
consideração pelos párias, que não deixaram de ser párias. E ficamos para
sempre encantados pelas músicas de Nino Rota (1911-79), que reacendem em nossas
vidas um desejo impossível de começar tudo de novo ou de reencontrar um sentido
para nossas vidas.
É uma grande lição que só a arte
pode nos dar. Renascemos com Fellini a cada ilusão que perdemos. Revivemos com
ele um universo de seres e lembranças que nasceram com a gente e sempre nos
acompanharam. Depois dele, a recordação deixou de ser um mero capricho. Amarcord reencontra o tempo perdido e
nos mostra que só nele a vida pode ser vivida em sua plenitude. Não importa se
para rir ou para chorar.
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