É
o vento forte que vem do coro
de
vozes no encontro com a melodia
do
infinito.
É
o vento que vem gemendo
na
espinha do abismo turvo
insondável
que me separa
de
mim.
É
o vento percutindo as teclas
do
telhado.
Abro
as janelas da memória
Abro
as janelas da casa,
é
o vento encanando no corredor
ventilando
fantasmas,
que
rompe o cerco das paredes,
explodindo
a argamassa de calcário e solidão.
É
o vento coreografi a de pássaros.
inunda
meu quarto crescente das pupilas
dos
meus olhos debruçados sob o vento.
Abro
as cortinas do vento,
sinto
a torrente de vida, a clara
algazarra
das vozes aveludadas,
sanguíneas
da alvorada.
É
o vento que vem abrindo
as
lentas pálpebras.
É
o vento que molha a boca
de
paixão calada,
é
o vento que vem mordendo
a
carne congelada das nuvens negras,
o
mofo acumulado entre os lábios,
o
limo que vestiu a carne desolada.
É
o vento que faz rolar os cascalhos,
os
seixos sem rumo das trevas.
É
o vento que vem estripando
o
seu sorriso embalsamado,
é
o vento que recebe as palmas
uma
sinfonia das águas,
que
varre a invenção do tempo,
a
nostalgia dos túmulos.
( Páginas 77 e 78 do
livro “Cobra de Vidro”, edição independente, São Paulo, 2012. Um projeto
aprovado pelo Programa de Ação Cultural - ProAC 2011 - uma promoção da
Secretaria da Cultura e Governo do Estado de São Paulo. )
Lindamente visceral...
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