Os amantes desnudam os corpos
porque o amor não carece de luz dos trópicos.
Bastam os ritmados passos, esse rumor,
esse marulho de corpos,
com seus segredos de amor despertos,
fiando trilhas de beijos
sobre ventre, pele e coxa,
que a língua, mais que as palavras,
desenha as mãos, os braços e as pernas
livres,
entre lençóis e travesseiros,
percorre na noite aberta,
e deposita nos outeiros
seu mar de turvos desejos,
- compasso de melodia,
tecido na pele, nas dobras dos montes
e nos fios de cabelos.
O dragão se enrosca
nos baixios e rochedos,
explora as cavernas ao toque dos dedos,
depositando sementes
em gota a gota vertida
na líquida transcendência
de ovo, antes da vida.
Amam, pois ao amor se veste
de carne, pele e odores,
enquanto o desejo tece
o rito tradicional na redoma de conúbio.
Sobre teu ventre de pêssego
escorre o viscoso dilúvio,
parece estar sem vestes, de tão leve,
pelo esvaziar do Vesúvio.
.
O dragão é a tatuagem que flutua,
mas, o sopro da noite esfumaça
pela flor de Pitaya, perfuma o teu sonho,
dissipando a treva,
que faz da noite um novo dia,
no dorso da manhã serena e nua,
a doce amante mais bela:
lua cheia, silêncio na constelação, ao meio-dia.
Ousa apenas a divagar em campo cinza,
arcos da montanha russa inexprimível de ópio
e lume,
de espasmos, entre princípio, cores, gozo e
fim,
desce toda e a sombra perdida desta mariposa repousa.
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