Ilustração de Boris Vallejo
Lentes d´água se encaixam no rosto crispado
que o vento varou de açoites
e onde a noite se abriu.
Amarras de luz drapejando na retina,
mãos em concha sobre a vista ofuscada,
os olhos golpeados pela velhice,
sem jeito, não pode ter a pesca e o rio.
O que passa na passagem,
nem é o passo, e sim o corpo
possuído pelo tempo e pelo espaço,
sem temer a travessia, faça sem ponte.
Vista ao pássaro que vive vendo lagarto
de asas rasgando o ar, o verde-azulado
da estrela cadente, afundando
no longe das ondas,
e deita nua debaixo do lençol
do mar, navega imersa no monte
de espuma dentro da rede,
em tufos, de flocos macios.
No voo, o dragão, como os pássaros,
ignora o finito mas pousa,
pois é dele o infinito.
Comentários
Postar um comentário