Ilustração de Boris Vallejo
Joga o olhar no céu em busca do infinito,
debruça-te sobre o contratempo
sinta desfalecer a vida,
carvão esfarelado do firmamento.
Cala-te com a aberta ferida,
locomove com (a)feição escondida
no meio da pressa difundida,
vem o cansaço pródigo.
A vida esvai no vento ateu,
a loucura que te leva no fundo
boia no fim do mundo,
que sempre te leva à nau
do efêmero Morfeu.
Entre a paisagem e a memória
há um liame, uma cumplicidade
que o coração suporta os pesares.
Cada árvore, cada pedaço de rua,
Cada asfalto e calçamento,
e a chuva inesperada,
a canção da trilha desavisada,
porque o que não tem em si
é o ser da ausência.
O fenômeno, passa pelos sentidos,
o que não vemos, transcende
mas é o ser da ausência, o que intriga.
A ausência é o que dói na paisagem
grudada na memória e na alma
da tua cidade como parasita,
que só tu sabes,
a ausência do dragão te habita.
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