Os momentos em que determinamos
as transformações através de um gesto,
ou a falta deste, palavra ou
pensamento,
sem ter a consciência desta determinação
Hoje,
estive relando as matérias sobre a deterioração dos arquivos de jornais antigos
no Museu Histórico. Esbocei algumas cenas para um filme sobre o descaso, a
violência e o problema da falta de preservar a memória. Estes temas
fascinam-me, porque jamais entraram em minha vida, conheço todos: Eu me refiro
à violência e à morte. Não à violência que é só o arrebatamento de situações,
uma dor interna. Pode-se pensar que os funcionários do museu não têm
equipamento e estrutura para conservar e manter o arquivo. Ou por falta de
mão-de-obra qualificada. Uma questão que envolve também falta de cultura, educação
e vontade política.
A história morrer assim, sem que ao
menos as novas gerações conheçam a história da imprensa, que saibam da sua
identidade, deve ser uma situação estranha pois a morte anula, de qualquer modo,
a identidade. É outra coisa que quero exprimir e não consigo. A história
esfacelando torna-se um duplo zero. Porque tem menos a vida e o nome que a
marcava, fazendo-os a sua confirmação. Uma cidade média nada abalada por uma
tragédia. Esta será o fato/personagem. Se eu revirar as suas histórias elas vão
compor dois momentos.
Estes instantes é que me fascinam.
Os momentos em que determinamos as transformações através de um gesto, ou a
falta deste, palavra ou pensamento, sem ter a consciência de tal determinação.
Não consigo sair das primeiras sequências, giro em torno delas, não sei
continuar. Tudo está terminando. O filme deve se desenrolar num dia apenas.
Desse dia desenvolvo tudo.
O que me adianta produzir um filme
digital, em alta definição, aqui, distante de tudo? Quem é que pode me ajudar?
Tenho uma pilha de rascunhos e roteiros na cabeça.
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