“Guardamos
indelevelmente a figura de dona Jupyra
da Cunha
Marcondes, nossa querida professora
de
Música e Francês,dos bancos ginasiais.
Com que
carinho ela se dedicava aos seus alunos
e com
que santa paciência encaminhava sempre para o caminho
do bem e
do saber aquela turma de moleques travessos.”
(Dona Jupyra, de Rubens Shirassu,
jornal O Imparcial, Página 2, Presidente
Prudente, 1974)
JUPYRA
Ivanildo Reinaldo de
Oliveira
Mylene da Silva Santos
Firmino
Paulo José Sereguetti
Suelen Perez de Azevedo
Videodocumentário
1:30
Minutos
Faculdade
de Comunicação Social
Jornalista
Roberto Marinho (Facopp)
Universidade
do Oeste Paulista (Unoeste)
Trabalho
de Conclusão do Curso (TCC)
288
Páginas
Orientadora:
Profª e Drª Thaisa Sallum Bacco
Presidente
Prudente – São Paulo
2013
A Escola Municipal de Artes Jupyra
da Cunha Marcondes, pode ser tomada como um ponto de referência para o estudo
do magistério da música e regência, além da atuação da própria professora e
arranjadora, como grande incentivadora das artes e seu papel de agitadora
cultural em Presidente Prudente.
Após assistir aos depoimentos de
cronistas, poetas, jornalistas, músicos, entre outros, percebe-se que falta editar
o livro do TCC acompanhado do álbum de fotos, reunindo imagens dos músicos
educadores, alunos, apresentações ou concertos, reproduções de cadernos, crônicas
e reportagens de jornais, etc. Sem esquecer, a edição de um cd com suas
entrevistas, programas de datas cívicas e homenagens na antiga rádio Comercial AM.
Para complementar este belíssimo trabalho de resgate da nossa memória cultural
e musical, a organização e seleção de partituras, documentos, textos pessoais,
dentre outros registros, e organizar também a biografia pessoal, como arte da
formação intelectual de Jupyra Marcondes. Se possível rastrear os livros de sua
biblioteca pessoal, a exemplo de cursos de piano clássico, como classificar a
discoteca de acordo com os gêneros musicais, desde o clássico, passando pelo
romântico até chegar à música popular brasileira instrumental, nas figuras de
Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Heitor Villa-Lobos, Guerra
Peixe, Francisco Mignone, apenas para ilustrar o pensamento.
Muitos desses títulos são
fundamentais para compreender a estrutura de seu pensamento musical, de acordo
com o contexto que vivia na época. E, qual projeto pedagógico e didático
adotava e suas influências. Esse acervo impressiona pelo lado eclético da
musicista e professora, pois deve incluir também romancistas, poetas, filósofos
e ensaístas, os mestres da literatura e do pensamento universal. Como, também,
deve ter lido os periódicos e utilizados como complemento de aula de matérias
específicas.
O videodocumentário não reflete de
maneira crítica as dificuldades por que Jupyra Marcondes passa no início e,
principalmente, nos últimos anos de vida. Nas entrelinhas, observa-se o
compromisso de professora atualizada com as ideias de seu tempo, principalmente
da Europa, insistindo que procurou lecionar não apenas o que se assentara nos
livros ou nas revistas especializadas, mas, sim, tivera, como intenção
primeira, o desenvolvimento da capacidade crítica do aluno em relação à arte
musical, aos aspectos sociais, econômicos e políticos, uma orientação mais
moderna, adiante de seu tempo. Essas lições, hábitos e as iniciativas da
mestre, preservam reflexões germinadas a partir da leitura de autores que
fundamentam o discurso da estética moderna, sendo possível, portanto,
considerar a hipótese de que o conteúdo das aulas, muitas vezes apreendido em
exemplares da biblioteca do Conservatório, tenha contribuído para difundir a
imagem de idealista, a postura de dinâmica defensora das artes em geral.
Mais que isso, sinaliza uma ação
pedagógica que ultrapassa os portões da escola, trazendo à tona as diferentes
figurações que a mestre Jupyra desenvolve na interlocução com seus discípulos.
Os saraus constantes em sua casa mostram a professora de piano orgulhosa em formar
um ambiente musical sadio, interativo, firmando mais os laços de respeito mútuo,
de amizade e de classe corporativa musical. Seguindo os passos do inesquecível
professor e escritor Mário de Andrade, promove recitais, festivais e audições, tanto
nas escolas como nos auditórios de rádios, de modo a sedimentar o cultivo da
música em Presidente Prudente.
Essas suas ações, com riqueza de
detalhes, apresentaram um pré-projeto de um plano de ensino fundamentado na
função socializadora da música e na normalização de seu conhecimento no povo. Entendemos,
que somente com reformas do ensino musical, podemos afirmar: só mesmo uma
história da música concebida pelos métodos sociológicos poderá dar-nos um
conhecimento mais íntimo e legítimo do que seja esse fenômeno tão complexo que
é uma arte.
Assim, nota-se, no século 21, um
modelo de ensino vigente que privilegia a inflação do virtuose em detrimento do
gosto musical. Na década de 20, século passado, notadamente nos artigos da
série “Música de Pancadaria”, Mario de Andrade, como visionário, ressalta o
perigo da celebrização do artista e da banalização da arte, decorrentes de
nosso programa de ensino. Percebe-se, nestas reflexões, uma concepção
pedagógica fundamentada na convergência de estética, teoria e técnica, capaz de
fornecer ao aluno recursos para fazer criticamente a arte musical.
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