Baco de Michelangelo
Caravaggio
I
Quando
afundo o pensamento,
para
deleitar uma fonte
como
pássaro rasante,
múltiplo
céu com nuvens.
deixo
um néctar
dentro
encharcado,
goma
láctea na terra fendida.
II
Pelo
sopro espraiado,
o
orvalho se espalha no prado,
no
meio do húmus revirado.
III
Teu
lábio contra o cristal
gole
a gole ali esposa a lembrança,
como
em folia uma flâmula
vermelha
ondula na plenitude,
rósea
vagem não sobra o mínimo
vapor
da inquietude, ápice efêmero
escorrendo
pelo vão da boca
rega
minha imaginação.
Para
além do tédio do inverno,
riso
aberto, o que resta
reluz
do vitral.
IV
Delícia pura
a garoa cai na boca
o vento ondula
sabor de fruta madura.
V
Não
quero a prosa
que
diz besteiras,
nem
esperma de trova.
Apenas
ver a beleza da gosma,
uma
poesia porosa.
Rubens Shirassu Júnior
Comentários
Postar um comentário