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Mais Água no Corpo












  

            Justin McLeod (Mel Gibson) em diálogo com Chuck Forstadt (Nick Stahl), no filme O Homem sem Face, diz que as mulheres são instáveis por conter mais água no corpo físico do que os homens. De certa forma, o raciocínio do personagem, com uma face machista, tem uma certa razão.
            Ao comparar o grande volume de água dentro da mulher, refletindo na sua oscilação emocional, junto ao ciclo lunar, e suas influências no movimento das águas, pretende a reflexão apenas incitar a mulher a estar mais atenta à sua própria natureza, que simbolicamente se parece com o movimento das ondas do mar, ou pelo menos com as projeções que desde tempos remotos se fez sobre os mistérios do mar. Fingindo cada vez mais de sua vida instintiva, algumas mulheres correm o perigo duma alienação total, pior do que qualquer alienação social.
            Para nossa época há de parecer absurdo que a mulher seja “de fases” durante tão poucos dias do mês. As estruturas sociais não permitem à mulher estes altos e baixos, feito as ondas. Portanto, esta crônica pode parecer pura fantasia. Mas se analisarmos as diversas fases da produtividade veremos que nela também existe uma fase de inspiração, uma de preparação, uma de elaboração e uma de exposição. Trata-se, portanto, antes de tudo, de uma atitude a adquirir em que a mulher respeite o seu ritmo interior, e perceba que poderia adaptar o ritmo da produção ao dele. Mas, para isto a mulher precisa realmente viver o seu ritmo de uma maneira cada vez mais consciente e expô-lo aos homens, para quem é um mistério. Esse caráter misterioso do mar que brilha no meio da noite, atraindo o homem perdido na escuridão, as mudanças de forma, a sua influência e seu poder encantador sobre os namorados, aqueles que são românticos. Esse poder de envolvimento pode também ser encontrado na alma feminina, uma aura fantástica e, ao mesmo tempo, apavorante, descritos em inúmeros contos e lendas, por exemplo, da Iara ou de Iemanjá.
            Nós, do mundo masculino, pensamos sempre que a mulher muda de ideia por capricho ou por conveniência pessoal, esperando que ela faça o que tinha se proposto anteriormente. Pode ser, porém, que entre o momento em que formulou o seu desejo e o momento de concretizá-lo tenha mudado tanto dentro de si, que não mais seja capaz de ser consequente, pelo menos em termos racionais. Pela constante mudança nos estados psicológicos diz Carl Jung: “A mulher tem quer esperar o momento de amadurecimento, submeter-se às mudanças de seus estados psíquicos se quer ser fiel a si mesma, correndo assim o risco de ser considerada uma lunática. Se porém, ela aceita conscientemente isto, abre-lhe um mundo criativo extremamente rico, onde não existem barreiras rígidas de convenções ou preconceitos de como e quando deve criar”. Para mim, prefiro usar o termo “solúvel”, onde o Aurélio define: Que se pode solver, dissolver ou resolver.
            De uns anos para cá, para aliviar a dor e o peso da sociedade machista, pude observar o aumento relevante de mulheres que bebem em bares e choperias, adicionando à composição, o levedo de cerveja e a cevada, aumentando o trabalho do rim e da bexiga, diminuindo a água no organismo da mulher. E, se houve uma mudança no perfil da mulher, é porque tudo estava encharcado pela ressaca do mar dentro da sua vida submersa.




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