(Décima terceira
parte)
Quase
ao mesmo tempo em que Anísio desenvolve suas ideias, baseadas em democracia, em
liberdade e autonomia do indivíduo, esse grupo de pensadores conservadores vai
se colocar em oposição a essas ideias:
Na sua visão, a
centralização dos serviços escolares nas Secretarias de Educação nos Estados e
no Ministério da Educação, no nível da União – teria transformado cada uma das
escolas em uma só escola monstruosa e abstrata, com seções espalhadas por todo
o Estado (Xavier, 1999. p. 61).
Esses
pensadores faziam parte de uma tradição historiográfica com raízes no Império e
que tinha entre seus principais membros: Paulino José Soares (Visconde de
Uruguai), Joaquim Nabuco, Silvio Romero e Euclides da Cunha, que propunham uma
concepção “realista” da história. Dentro ainda desta perspectiva e
posteriormente, autores como Alberto Torres, Oliveira Vianna, Cândido Mota
Filho, Francisco Campos e outros faziam uma crítica à Constituição Liberal de 1891,
destacando os problemas trazidos pelo estadualismo, como a falta de unidade, a
teorização política e o Caudilhismo.
Os
pensadores reivindicavam ao Estado a posição de poder coordenador, em que o
Estado deveria ser reorganizado por meio de reformas, entre as quais alterações
na Constituição de 1891. Tais movimentos visavam a restauração conservadora, na
configuração de um Estado Autoritário, sob a direção de um governo forte, para
fazer frente à crise da sociedade, no contexto dos anos 20 e 30, com a
ampliação das responsabilidades do executivo, com o uso até de instrumentos de
exceção. Entretanto, esses autores faziam questão de ressaltar, que o Estado Autoritário
é diferente do Estado Totalitário, pois não envolve o aniquilamento da
personalidade humana. Essas posições excluem a possibilidade de o Fascismo, a
Liberal Democracia ou o Comunismo serem caminhos a serem trilhados pelo o
Brasil.
Esses
autores também vêem dualidade na expressão da realidade brasileira: existiriam
dois países, o real e o legal, isolados um do outro. Caberia ao Estado, forte
em concepção, pois mais preocupado coma a autoridade que com a liberdade, a
construção de um Estado Corporativo, sem interesse por partido, único mesmo,
sem ideologia ordenada, onde as corporações teriam o papel de mediadoras entre
os níveis real e legal.
Como
o contexto dessas décadas é de inflexão do liberalismo e das propostas de descentralização
associadas a seus princípios, a maioria das iniciativas, tanto à direita como à
esquerda, caminham no sentido de resgate e reforço da posição do Estado
Nacional, reforço que significa centralização das decisões na esfera da União,
dos Estados em detrimento dos municípios.
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