Ilustração de R.S.Jr.
O sol cravado no céu
da boca calada,
de sede de paixão molhada,
no frescor do sumo
do sol a escorrer
num corpo que brilha
nu para o desejo,
de dançar na luz
a pique das areias.
Esse corpo adora andar
descalço no verão escaldante
na praia do outono,
embriagado na alegria
na tua vinha sem vinho.
As palavras e seus ramos
deslumbrados
cantam porque o amor apetece
o seu corpo estremece
exposto e suado,
salta como uma criança
muro após muro,
entra pela janela,
essa língua,
semelhante a harmonia da
música,
acrescenta: ritmo puro,
sustido,
como vento está como deus
em toda parte: na cabeleira
verde dos cometas, na
extensa
insônia turbulenta dos
cordeiros
medrosos, nos cegos
fundamentos
dos piedosos,
que tem as bocas amargas do
fermento
da tristeza.
Como divindade, o vento
dança indiferente nas
areias.
Flui na noite e no dia
e transpassa do chão
das palavras sangrando
a miséria dos seres
isolados, dos esfomeados
de tudo,
que não sorvem do mel
da língua de fogo do sim.
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