Makarenko,
à direita, ao lado de educandos da Colônia Gorki, em 1928
Fonte
imagem: http://www.makarenko.edu.ru/Fotogorky/fotogorky.htm
(Terceira parte)
Disciplina
espartana
Makarenko
entendia que a solução de vários aspectos cruciais da vida comunal dependiam, basicamente,
da sua estrutura organitativa. E é justamente em cima das formas militarizadas
da organização que aplicou na colônia Gorki que se encontram as mais pesadas
críticas ao seu trabalho. Buscando formas de organização econômica, Makarenko
organizou um destacamento para o provimento de lenha. O pedagogo viu qualidades
tão importantes nessa unidade, que decidiu organizar toda a colônia em
destacamentos, com chefes e ajudantes. Makarenko avaliava que a criação dessas
estruturas, havia impulsionado mudanças radicais na coletividade, implementando
novas formas de direção e autogestão.
O
tipo de disciplina espartana, aplicada por Makarenko, provoca reações
escandalizadas até hoje, como verifica nos debates que costuma promover entre
os terceiroanistas de Pedagogia sobre o educador. Makarenko choca boa parte das
idéias acadêmicas pedagógicas. A obra dele contesta a idéia do processo
educativo gradual, lento, sem choques e riscos. Além do que, Makarenko
incorpora a idéia de sanções, da autoridade e da ausência completa de
autopiedade, com uma Pedagogia dura, severa. Mas, ou você entende esses
procedimentos dentro do espírito no qual foram aplicados, dentro de uma postura
dialética e socialista, ou você se escandaliza mesmo. Ele demonstrava não ter
preconceito contra autoridade, mas todas as decisões e as sanções da comuna
eram fruto de assembléia geral, da autoridade dos colonos.
Autoestima
dos menores
Se a
experiência de Anton Makarenko não pode ser transplatada de seu contexto
histórico enquanto alternativa para a questão do menor infrator e do menor
carente, o debate de suas concepções chegou a ser utilizado como ferramenta
para modificar a mentalidade do pessoal técnico da Febem, com relação à
marginalidade, por volta de 1975.
Essa
tentativa foi empreendida em Belo Horizonte, quando um grupo encarregado do planejamento
do setor de produção da Febem, encabeçado por Robson Ayres, constatou que predominavam,
na maioria dos funcionários, noções que vinculavam marginalidade e índole, reduzindo
as aspirações do menor ao que fosse possível, dada a sua origem.
Comentários
Postar um comentário