(Primeira parte)
Durante
as primeiras décadas do século XX, o pedagogo russo Anton Semionóvitch Makarenko
tornou-se mundialmente difundido por suas contribuições para a prática da
educação comunista, provocando discussões, desafiando dogmas e ousando métodos.
De
origem ucraniana e operária, filho de ferroviário, em 1905, Makarenko conclui
um curso de Pedagogia, na escola pública de Krementchug, passando a dar aulas
em escolas populares, até 1914. Uma curta passagem como preceptor de uma
família aristocrática serviu apenas para confirmar ao educador suas tendências
socialistas. Em 1917, quando explode a Revolução Bolchevique, Makarenko termina
um curso no Instituto Pedagógico de Poltava e dirigia uma escola de
ferroviários, desenvolvendo trabalhos políticos e pedagógicos junto à
comunidade.
Chamado
pelo Comissariado do Povo para fundar em 1920, uma colônia correcional para inúmeros
delinquentes e menores carentes legados pela Primeira Guerra Mundial e pela
Guerra Civil (1918-1921), Makarenko viu-se frente a frente com o desafio da
reeducação socialista, sobre a qual se debruçaria. Nesse período milhares e
milhares de crianças vagavam pela Rússia marcada pela fome, epidemias e pela
ruína econômica em conseqüência das guerras.
Contando
com o mínimo apoio da burocracia soviética e dispondo de pouquíssimos recursos,
Makarenko tinha duas auxiliares, um velho administrador, alguns sacos de
farinha e uma casa em péssimas condições na área rural, que já fora instituição
correcional, para fundar a colônia de Poltava. E foi nesta velha casa que
decidiu receber seu primeiro grupo de dezesseis anos, presos por assalto a mão
armada.
Refratários
a qualquer entrosamento, os meninos respondiam com grosseria aos pedidos para
disciplinar a vida comum. Depois de meses tentando vários recursos pedagógicos,
Makarenko teve uma explosão irada e esmurrou o líder do grupo, Zadórov, que,
caído no chão e surpreso, passou a respeitá-lo e a cumprir suas exigências.
Esse episódio é narrado logo nas primeiras páginas do livro Poema pedagógico, obra em que Makarenko
relata, misturando literatura e ciência, sua experiência pedagógica.
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